domingo, 28 de fevereiro de 2010

Felicidade


A Dissertação busca apresentar uma reconstrução do conceito de felicidade na Filosofia prática de Kant. O tema não se restringe em Kant a uma só obra, pois comparece em várias: na Crítica da razão prática (CRPr), na Fundamentação da metafísica dos costumes (FMC), na Metafísica dos costumes (MC), na Antropologia de um ponto de vista pragmático (A), e, inclusive, na Crítica da razão pura (CRP). A parte inicial da Dissertação consiste em uma breve exposição sobre a regra moral e os princípios práticos do agir, e nela se busca esclarecer o conceito de autonomia da vontade, imprescindível para a justificação da moralidade, e sem o qual o homem não poderia ser pensado como um fim em si mesmo. Na seqüência, a exposição se reporta à concepção de felicidade enquanto satisfação empírica, e tende, por um lado, a justificar por que Kant a exclui no que diz respeito à justificação do agir moral; por outro, por que a sua presença ou falta pode auxiliar ou prejudicar o cumprimento do dever moral. Num terceiro momento, dentro de uma perspectiva críticosistemática, e a partir da análise do conceito de sumo bem (summum bonum), tido como o objeto a priori da moralidade, busca-se mostrar a função sistemática da felicidade no contexto da filosofia prática kantiana. Nesse momento, a questão que se impõe é a seguinte: embora a felicidade não possa exercer papel algum no que diz respeito à justificação moral, torna-se, no entanto, um elemento de extrema importância na efetivação ou possível realização da moralidade. Daí por que Kant não a exclui definitivamente, embora não lhe dê o mesmo enfoque que a tradição filosófica lhe dera até então. Quando se pensa o bem perfeito para um ser racional, nele deve estar incluída também a felicidade, mas sob a condição de merecimento. A felicidade, por esse ponto de vista, passa então a não mais consistir na satisfação das necessidades, tendências e impulsos humanos, mas simplesmente a se constituir em um conceito do mundo moral.

A maioria dos homens acreditam que a felicidade é viver bem e ir bem equivale a ser feliz. Se formos julgar pela vida dos homens, estes em sua maioria, e os mais vulgares entre eles, parecem identificar o bem, ou a felicidade com o prazer, com a riqueza, com as honrarias; mas até pessoas componentes da maioria divergem entre si, e muitas vezes a mesma pessoa identifica o bem cmo coisas diferentes, dependendo das circunstâncias.Há quem pense que além desses muitos bens há um outro bom por si emsmo, e que também é a causa de todos os outros.Parece que a felicidade, mais que qualquer outro bem, é tida como o bem supremo, pois a escolhemos por si mesma, e nunca por causa de algo mais. Algumas pessoas pensam que a felicidade é excelência, outras que é discernimento, ouras que é uma espécie de sabedoria, outras ainda pensam que ela é tudo isso, ou uma dessas noções em conjunto com o prazer ou a prosperidade exterior. Nossa definição de felicidade é condizente com a opinião dos que idwntificam a felicidade com a excelência. A vida de atividade conforme à excelência é agradável em si, pois o prazer é uma disposição da alma, e o agradável para cada pessoa é aquilo que se costuma dizer que ela ama. São nossas atividades segundo à excelência que nos levam a felicidade. O homem feliz, portanto deverá possuir o atributo em questão e será feliz por toda a vida, pois ele estará sempre, ou pelo menos frequentemente, engajado na prática ou na contemplação do que é conforme à excelência. Sendo a felicidade, então uma certa atividade de alma conforme à excelência perfeita, é necessário examinar a natureza da excelência.
A excelência humana significa, a excelência não do corpo, mas da alma,e tembém dizemos que a felicidade é uma atividade da alma. Há duas espécies de excelência; a intelectual e a moral. Aintelectual requer experiência e tempo e se deve à instrução. A excelência moral é produto do hábito e é construída, por natureza, de modo a ser destruída pela deficiência e pelo excesso, mas preservad pelo meio termo. As ações justas e moderads quando são como as que homem justo e moderado pratica. A excelência moral é uma disposição da alma relacionada com a escolha de ações e emoções. Trata-se de um estado intermediário, por que nas várias formas de deficiência moral há falta ou excesso do que é conveniente tanto nas emoções quanto nas ações. Assim sendo o homem que busca incessantemente a virtude, equilibrará suas ações e emoções e reconhecerá a felicidade como o bem maior.