quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Ciência e conhecimento




Ciência e Valores
A ciência está em alta! O mundo nunca viu tanta evolução, tantas descobertas. A ciência transformou as nossas vidas e ainda continuará a transformar, mas de outro lado vemos os valores, sim, os valores que hoje as pessoas não consideram mais. Nunca fomos tão egoístas, tão superficiais e é triste observar que o respeito para com o próximo está em desuso.
Se analisarmos o contexto político do Brasil e do mundo como todo, observaremos que há um cenário lastimável (corrupção, ilegalidade e etc.) e que o muito disso está relacionado com os valores. Muitas pessoas se perguntam como o Brasil chegou a um cenário tão caótico, a resposta só é encontrada quando discutimos os valores. Vale ressaltar também que nós somos responsáveis por isso, o que acontece lá em Brasília é reflexo de nossas atitudes, pois os valores começaram a sucumbir dentro de cada um de nós. Os valores que outrora nos norteava, não é tão valorizado, as pessoas só estão preocupadas em adquirir um " falso conhecimento", um conhecimento que as torna mecânicas. Hoje somos homens máquinas, somos homens que vivemos em uma sociedade descartável e vazia.
A ciência está em alta e parece que vai permanecer por muito tempo assim, já os valores devem ser re-considerados e cabe a nós brasileiros lutarmos por isso.
Na U.T.I da sociedade se encontram os valores e antes que eles sucumbam devemos refletir sobre a nossa responsabilidade como cidadãos.
INTRODUÇÃO
As novas tecnologias de informação e comunicação no mundo atual exigem do sujeito uma forma específica de interagir no ciberespaço. Esse novo referencial de espaço possui um tipo de sociabilidade própria, que vem provocar impactos nas relações entre os indivíduos, frente aos novos tempo e espaço, deslocando as identidades dos sujeitos e agregando valores. É importante atentar para a certeza de que esta interface nas relações contemporâneas é conseqüente de produções e ações humanas da nossa realidade concreta, imersas em códigos e redes de significados, resultantes da construção de nossa história sociocultural e pessoal de cada sujeito. Há uma nova linguagem no ciberespaço, novos parâmetros para a construção das relações interpessoais e, ainda, mudança de valores com suas ressignificações. É neste sentido que o artigo vem apresentar um olhar sobre uma nova sociabilidade no espaço virtual e provocar ao leitor a uma reflexão sobre o tema.
DESENVOLVIMENTO
“Os atos comunicacionais, que ocupam dimensões expressivas e pragmáticas da experiência humana, não se constroem somente a partir de atos discursivos verbais, mas incorporam silêncios, atitudes e gestos, ações e omissões, proporcionando manifestações significativas e provocando transformações no comportamento ou forma de ver o mundo.” (Costa, 2004:92)
O mundo no espaço virtual é uma simulação da realidade, chegando, às vezes, a um simulacro, como aborda o filósofo Baudrillard (1991), porém sua argumentação, não muito positiva, em relação a uma sociedade extremamente informatizada, diz:
“Não podemos confiar nos valores tradicionais ou na reabilitação da realidade. Afinal de contas, pode ser que a humanidade, por intermédio de uma compulsão enigmática, esteja envolvida intimamente neste processo catastrófico e portanto esteja condenada a desaparecer. Se for esse o caso, seria muito melhor tratarmos nosso desaparecimento como uma forma de arte – exercita-lo, representa-lo, criar uma arte do desaparecimento. É melhor que a alternativa, que seria desaparecer sem deixar traços, sem sequer o espetáculo de nossa destruição” (Baudrillard, 2001:74).
As palavras do renomado Jean Baudrillard nos fazem perceber a clareza da necessidade de rever os valores humanos, que ele denomina tradicionais, e podemos identificar como valores éticos e morais, para uma (re)construção da realidade com dignidade. Cabe-nos uma reflexão sobre as relações interpessoais no ciberespaço, onde há possíveis distorções ou ausência dos valores éticos e morais, pois cada sujeito vai incorporando novas atitudes e sentimentos, mantendo, na medida do possível, sua integridade. Essa realidade simulada encontra-se cada vez mais presente em nosso cotidiano público e privado. Os valores éticos e morais são, no momento, indispensáveis no processo de interatividade, porém não garantem a esses sujeitos a alteridade, que é a relação do eu com o outro, o se colocar no lugar do outro. Quando as pessoas se dispõem a interagirem no ciberespaço, de acordo com Santos (2005:43), essas interações “são possíveis por estarem orientadas por uma percepção de alteridade. As comunidades se afirmam e são possíveis na medida em que há a percepção do eu e do outro, ou seja, a percepção da identidade e da pluralidade”. Diferente das relações face a face, na realidade concreta, onde as características físicas e parte da gama simbólica da personalidade tornam-se presente. No ambiente digital as identidades são apresentadas inicialmente através da escrita, permitindo camuflar parte dos aspectos visíveis da identidade.
“Cada grande inovação em informática abriu a possibilidade de novas relações entre homens e computadores: códigos de programação cada vez mais intuitivos, comunicação em tempo real, redes, micro, novos princípios de interfaces… É porque dizem respeito aos humanos que estas viradas na história dos artefatos informáticos nos importam” (Lévy, 1993:54).
Atualmente, cabe atentarmos às mudanças que ocorrem em relação aos valores de caráter axiológico, na era tecnológica, pois eles tendem a se transformar quando os sujeitos se inter-relacionam pelas novas tecnologias de informação e comunicação. “É a partir de convenções morais que as pessoas constroem seus conceitos fundamentais que as orientam no seu agir prático” (Goergen, 2001:41). A própria identidade, atualmente, já se apresenta mais próxima da realidade concreta no ciberespaço devido às inovações tecnológicas, como câmera digital nos mais diferentes objetos e locais, facilitando a mediação interativa. É nessa interação facilitada pela tecnologia que os valores éticos e morais estão se ressignificando nas relações que se fazem no ciberespaço, surgindo uma linha tênue no limite entre a permissão e a invasão da intimidade de cada um dos agentes da comunicação.
Ética para Ferreira (1986:733) é o juízo referente à conduta humana suscetível de qualidade do ponto de vista do bem e do mal. Seria oportuno uma reflexão sobre as relações interpessoais dentro do ambiente virtual, buscando perceber e analisar as distorções de atitudes entre as identidades virtuais, apontando as nuances dos valores éticos que sejam cabíveis nas diferentes realidades: real e cibernética. Pedro Goergen (2001:58) argumenta sobre a necessidade de resgatar os valores morais de base que formam referenciais para uma sociedade, quando diz:
“Os direitos do homem, a honestidade, a tolerância, a não violência, são valores aceitos com alto grau de consensualidade. Até poderíamos acrescentar que outros valores, antes precários, tais como o direito das minorias,os direitos da mulher, o respeito pela diferença, o respeito pelo meio ambiente e outros, vem ganhando espaço. É preciso desfazer esta imagem caricatural da sociedade na qual todos os valores teriam sido precarizados.”
A (re)construção dos valores éticos, na transformação do sujeito no mundo contemporâneo, fundamenta e possibilita uma reflexão sobre esses valores que se manifestam através da utilização dos recursos da ciência e da tecnologia na vida e na natureza, e invade os espaços mais íntimos, influenciando os destinos individuais e os rumos da sociedade. Esta tomada de consciência sobre esses valores humanos vem despertar o senso crítico e reflexivo em cada um de nós, e ainda, valorar atitudes e sentimentos com o outro. O resgate e a sedimentação dos valores éticos é que irão permitir ao sujeito, identificar a pretensa manipulação midiática, desacoplados dos verdadeiros interesses dos sujeitos e da sociedade. Se não recuperarmos a dimensão do social, fundamentando na ética possível das relações humanas, estaremos deixando o barco da vida navegando a deriva. Para Stuart Hall (2003:75):
“Quanto mais a vida se torna mediada pelo mercado global de estilos, lugares e imagens, pelas viagens internacionais, pelas imagens da mídia e pelos sistemas de comunicação globalmente interligados, mais as identidades se tornam desvinculadas – desalojadas – de tempos, lugares, histórias e tradições específicos e parecem “flutuar livremente”. Somos confrontados por uma gama de diferentes identidades (…) dentre as quais parece possível fazer uma escolha.”
A realidade atual nos faz acreditar na necessidade de um trabalho direcionado aos meandros das transformações dos sujeitos, pois há um constante deslocamento das identidades no mundo contemporâneo.
Para tratarmos do tema relacionado diretamente às relações humanas, seria esclarecedor abordarmos a questão da identidade do sujeito contemporâneo, porém seus valores inter-relacionais perpassam pelo autoconhecimento e pelo conhecimento do outro, uma questão de alteridade. Sendo assim, acreditamos que a temática relativa aos valores éticos no ciberespaço poderá ser mais bem compreendida.
Hoje muitos autores abordam o tema “identidade”, ressaltando que a mesma encontra-se em crise diante de seu deslocamento constante no mundo globalizado, cujos paradigmas modernos vêem sendo discutidos e revistos, gerando, nos sujeitos contemporâneos, uma instabilidade em sua sociabilidade. Para Stuart Hall (2003), esta perda de um sentido de si estável é chamada, algumas vezes, de deslocamento ou descentração do sujeito, apresentando diferentes concepções de identidades para esclarecer esse deslocamento, são elas: o sujeito do Iluminismo, o sujeito sociológico e o sujeito pós-moderno.
A identidade do sujeito no Iluminismo estava centrada no seu próprio eu, individualista, pois ele nascia e vivia sua vida sobre as condições de sua própria identidade, diferente do sujeito sociológico que passa a viver em relação com a sua cultura, onde começa a surgir uma concepção sociológica em que a identidade é formada na interação entre o eu do sujeito e a sociedade, o mundo pessoal e o público, percebendo-se uma unificação entre o indivíduo e o seu mundo cultural. O sujeito moderno se relaciona de forma amalgâmica com a sua cultura, internalizando seus valores e significados, tornando-os parte de si. A identidade, neste momento histórico, passa a se dar de forma unificada e estável.
No mundo contemporâneo, o sujeito pós-moderno vem se (trans) formando, com a fragmentação da unicidade e estabilidade própria do sujeito moderno, como cita Hall (2003:12): “O sujeito previamente vivido como tendo uma identidade unificada e estável, está se tornando fragmentado; composto não de uma única, mas de várias identidades, algumas vezes contraditórias ou não resolvidas”. Hoje, a maneira como nos inserimos nas diversas culturas, inclusive pelo advento da globalização, nos permite projetar diferentes identidades para maior e melhor interação com o meio imediato e midiático. Essas identidades deslocadas não se cristalizam e estão sempre permeando o verdadeiro eu do sujeito.
Há tempos os estudos da psicologia do desenvolvimento humano afirmam que a identidade é constituída ao longo da história do sujeito, desde o seu nascimento, e estará sempre em formação. Campos (1997:53) nos apresenta este desenvolvimento, apontando que os seres humanos diferem em seu patrimônio hereditário e nas influências do ambiente onde se desenvolvem, daí as diferenças individuais e a complexidade do comportamento humano. É na relação com o outro e com a sua cultura que é formada a subjetividade. “A identidade surge (…) de uma falta de inteireza que é ‘preenchida’ a partir do nosso exterior, pelas formas através das quais nós imaginamos ser vistos por outros” (Hall, 2003:39).
Essa relação interpessoal, no mundo da cultura contemporânea, parte fundamental na construção da identidade, nos leva a indagar sobre o conceito de sociabilidade, que está diretamente relacionada com a nossa própria imagem, com tudo aquilo que representamos ou deixamos transparecer às pessoas, implicando em nossas características comportamentais, de habilidades e outras possibilidades de nos relacionarmos. Representa, ainda, a nossa capacidade de solucionar problemas, de negociar, de perceber os sentimentos dos outros, de saber ouvir, enfim, tudo que nos identifica, o nosso marketing pessoal.
“A sociabilidade durante o nosso século assumiu tais proporções que pode vir a ser, legitimamente, considerada fenômeno típico do nosso tempo. A dimensão privada praticamente desapareceu. Com dificuldade podemos ocultar os nossos pensamentos; mas logo que eles se transformam em ação, tornam-se propriedade dos outros e, graças à televisão, ao rádio e à imprensa, apenas em um piscar de olhos são divulgados aos quatro cantos da terra. (Mondin, 1980:161).
Zygmunt Bauman (1997:138), esclarece as diferenças entre os termos “socialização” e “sociabilidade”, onde ambos devem ser compreendidos a partir da interação com a estrutura social, porém se referem a processos distintos, onde socialização (pelo menos na sociedade moderna) visa a criar um ambiente de ação feito de escolhas passível de serem ‘desempenhadas discursivamente’, que se concentra no cálculo racional de ganhos e perdas, enquanto que sociabilidade deve ser compreendida a partir da interação com a estrutura social, e se referem a processos distintos, sendo observada uma emergência da multidão, na qual os indivíduos compartilham ações baseadas no instante em que se vive e nas condições semelhantes nas quais se encontram.
O ciberespaço é apresentado por Pierre Lévy (1999:195), como sendo um princípio co-presente a qualquer outro espaço e podem ser deslocados à velocidade da luz. A diferença entre os dois espaços não se deve apenas a propriedades físicas e topológicas, mas a qualidades de processos sociais que se opõem.
A tendência dos cibernautas em suas práticas interpessoais no ciberespaço é privilegiar a fluidez das narrativas e a transversalidade nas relações, sendo compreensível que novos gêneros, isto é, novas formas de agir por meio da linguagem sejam criados para o contexto virtual, uma linguagem própria da internet.
A comunicação humana no ciberespaço gera a sociabilidade, um processo dinâmico, onde cada sujeito que se relaciona encontra-se, momentaneamente, na mesma realidade e agem de maneira simultânea e interativa. Desta forma, há a necessidade de uma ordem ou regras para que a comunicação interpessoal possa ocorrer sem ruídos e de forma clara. São esses agentes da comunicação que irão valorar o repertório de mensagens enviadas um ao o outro, cada sujeito utilizando a sua dinâmica interna de experiências, valores e atitudes, para filtrar e dar sentido as mensagens recebidas, e conseqüentemente, responde-las de forma sociável. O espaço virtual, acessado pelas novas tecnologias de comunicação, é apenas o meio das relações interpessoais. Esse meio virtual, que faz parte de um conjunto de categorias específicas do mundo das comunicações, ou melhor, os meios de comunicação, que segundo McLuhan (1971) são extensões do homem e foram inventados para multiplicar a força e o alcance da capacidade humana de emitir mensagens.
Bordenave e Pereira (1985:186), apresentam uma síntese de teorização da comunicação, que consiste essencialmente de um processo de seleção e combinação, argumentando que as pessoas que entram na comunicação têm em um momento dado vários repertórios, que são as intenções e os objetivos, as experiências (significados), os signos e códigos, e os meios e tratamentos. Esta gama de repertórios, implícitos no processo de comunicação, é constituída de valores humanos gerados e desenvolvidos no âmbito sociocultural da realidade concreta.
“É no anonimato do “lugar virtual” que se experimenta solitariamente uma nova sociabilidade. O viajante pode caminhar por diversas infovias até encontrar o grupo ou tribo com que mais se assemelha, ou informações. Ao encontrar sua tribo, o indivíduo fixa-se neste endereço eletrônico e passa a experienciar e compartilhar de um lugar simbólico e marcado por relações de pertencimento de caráter ideológico, afetivo, sexual ou racial” (Silva, 2007).
É nesse contexto que a ética e a moral assumem um papel extremamente relevante diante das relações travadas no ciberespaço, pela capacidade de formar a alteridade em cada sujeito. Todos os inseridos no espaço virtual recebem a sua chave eletrônica, o passaporte para World Wide Web, ao realizar seu primeiro cadastro de e-mail. A identidade no mundo virtual não surge do nada, é uma extensão do que somos na realidade concreta, com nossos valores, atitudes e desejos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando que os valores éticos e morais são norteados pelos fundamentos derivados das próprias relações humanas, com suas respectivas individualidades, e que devem ser respeitadas, é importante destacar que mesmo não havendo detalhamento de normativo legal, que interfira, discipline e estabeleça um comportamento “padronizado”, os próprios fundamentos da moralidade implícita aos comportamentos humanos, vêm autodisciplinar o conjunto dos valores éticos e morais que devem prevalecer também nas relações do ciberespaço. Não se pode esquecer das características inerentes as individualidades dos sujeitos, sob pena de se estabelecer padrões em descompasso com a própria subjetividade humana. Assim, tendo presente os aspectos vinculados a alteridade, ao senso comum e aos padrões universais de eticidade, podendo experimentar a concepção de novos paradigmas éticos e morais, sempre com o cuidado de ponderar um equilíbrio entre as bases tradicionais e seus valores, evitando-se com isso a precarização de valores que possam pretender se instalarem em novos padrões de relações interpessoais, sobretudo no ciberespaço.. Na filosofia, o senso comum (ou conhecimento vulgar) é a primeira suposta compreensão do mundo resultante da herança fecunda de um grupo social e das experiências atuais que continuam sendo efetuadas. O senso comum descreve as crenças e proposições que aparecem como normal, sem depender de uma investigação detalhada para alcançar verdades mais profundas como as científicas.
O conhecimento está diretamente ligado ao homem, à sua realidade. O conhecimento pretende idealizar o bem estar do ser humano, logo o conhecimento advém das relações do homem com o meio. O indivíduo procura entender o meio partindo dos pressupostos de interação do homem com os objetivos. É uma forma de explicar os fenômenos das relações, seja, entre sujeito/objeto, homem/razão, homem/desejo ou homem/realidade. A forma de explicar e entender o conhecimento passa por várias vertentes como: conhecimento empírico (vulgar ou senso comum), conhecimento filosófico, conhecimento teológico e conhecimento científico.
O conhecimento empírico surge da relação do ser com o mundo. Todo ser humano apodera-se gradativamente deste conhecimento, ao passo que lida com sua realidade diária. Não há uma preocupação direta com o ato reflexivo, ocorre espontaneamente. É um conhecimento do tipo abrangente dentro da realidade humana. Não está calcada em investigações.
O conhecimento filosófico surge da relação do homem com seu dia-a-dia, porém preocupa-se com respostas e especulações destas relações. Não é um conhecimento estático, ao contrário sempre está em transformação. Considera seus estudos de modo reflexivo e crítico. É um estudo racional, porém não há uma preocupação de verificação.
O conhecimento teológico preocupa-se com verdades absolutas, verdades que só a fé pode explicar. O sagrado é explicado por si só. Não há importância a verificação. Acredita-se que o conhecimento é explicado pela religião. Tudo parte do religioso, os valores religiosos são incontestáveis.
O conhecimento científico precisa ser provado. O conhecimento surge da dúvida e comprovado concretamente, gerando leis válidas. É passível de verificação e investigação, então acaba encontrando respostas aos fenômenos que norteiam o ser humano. Usa os métodos para encontrar respostas através de leis comprobatórias, as quais regem a relação do sujeito com a realidade.
Em suma:
Até o início do século XX predominava na ciência o método científico baseado no modelo mecanicista proposto por René Descartes em seu “Discurso do Método”. Entretanto as teorias da relatividade de Albert Einstein (1879-1955) e a mecânica quântica de Niels Bohr puseram em xeque alguns dos principais pilares do modelo cartesiano.
As descobertas de ambos provaram a impossibilidade de determinar até mesmo a realidade dos resultados de uma observação, derrubando o preceito de que “para conhecer o todo, bata conhecer as partes” ao demonstrar que muitos fenômenos não possuem explicação se não encarados dentro de uma situação ou sistema e, sobretudo, derrubaram o preceito de que o objeto é separado e independente do observador, mostrando que o que conhecemos daquilo que acreditamos ser o objeto real é apenas o resultado de nossa intervenção nele e não o objeto em si.
A nova concepção mostrou também a impossibilidade de se estruturar conceitos universais e absolutos uma vez que nosso próprio conhecimento é limitado, resultando em uma mudança para um modelo onde existem apenas leis probabilísticas.
A nova ciência fala cada vez menos em leis e determinismos para tratar de sistemas, processos, estruturas. O homem, observador, passa a não mais constituir parte separada do objeto observado e esta relação passa a ocupar uma dimensão extremamente mais complexa do que supunham o determinismo e o positivismo.
Immanuel Kant (1724-1804), o principal filósofo dessa nova corrente, já admitia que o observador faz parte ativa do processo de conhecimento o que o impede de se anular frente ao objeto observado, chegando à conclusão de que na verdade não observamos os objetos em si, mas somente o que ele nos parece. O que, segundo ele, implica que a simples existência das coisas deriva do sujeito observador, não existindo sem ele. Retomando a antiga máxima do sofista Protágoras “O homem é a medida de todas as coisas”.
O modelo mecanicista de Descartes por muito tempo serviu aos princípios a que se propunha e possibilitou o desenvolvimento de diversos campos da ciência. Contudo, já ficou comprovada a insustentabilidade de certos conceitos que eram considerados máximos pelo modelo cartesiano, mas que com a evolução da ciência e da sociedade deixaram de o ser, pelo menos para todas as áreas.
Diversas correntes filosóficas atuais tentam através do conhecimento secular adquirido por outros pensadores e de uma releitura de muitos deles determinar um novo modelo, cada qual segundo os princípios que aceita como mais prováveis, que responda de maneira adequada às necessidades da nova sociedade.